7 desafios da profissão farmacêutica na próxima década

7 desafios da profissão farmacêutica na próxima década
19 de janeiro de 2021 Viviane Massi

Dia 20 de janeiro, celebra-se o Dia Nacional do Farmacêutico. Preparamos este artigo com os principais desafios da profissão na próxima década, alguns deles relacionados ao farmacêutico clínico, aquele que atua diretamente na assistência ao paciente. De acordo com dados do Conselho Federal de Farmácia (CFF), existem 230 mil farmacêuticos atuantes no Brasil. Desses, 70% estão em farmácias e drogarias desenvolvendo não apenas funções burocráticas, mas cuidando das pessoas. Nos hospitais, o cenário é semelhante: a integração do farmacêutico na equipe multidisciplinar é cada vez mais uma realidade.

#1 Fazer do cliente seu paciente

Talvez esse seja o principal desafio para o farmacêutico que atua em farmácias e drogarias. Os serviços clínicos expandiram-se nos últimos anos, elevando o número de consultórios farmacêuticos, que hoje chegam a 4,5 mil. Esse fato levou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a promover, em 2020, uma revisão na RDC 44/2009, norma que regulamenta os serviços farmacêuticos no País. Ao todo, são 14 mil farmacêuticos atuando nessa área. A expectativa é de que a nova resolução seja publicada em 2021.

#2 Ser incluído nas equipes multiprofissionais

Esse desafio não é apenas do farmacêutico de drogaria, mas de todos aqueles que estão atuando no atendimento ao paciente, como em clínicas e hospitais. Ser incluído nas equipes multiprofissionais promoveria mais integração do farmacêutico com os demais profissionais de saúde, como médicos e enfermeiros. “Hoje, dentro dos hospitais, ele está muito mais envolvido em atividades burocráticas e menos em atividades clínicas. Esse cenário vem mudando com o crescimento do número de farmacêuticos formados na área clínica, porém a participação deles nas discussões dos prontuários, nas tomadas de decisão e no cuidado direto ao paciente ainda precisa avançar um pouco mais”, comenta Salomão Kawage, executivo, consultor, professor farmacêutico e diretor de um hospital em Manaus.

#3 Mostrar sua importância para a sociedade como profissional de saúde

Houve uma época em que as pessoas tinham seus farmacêuticos de família, um profissional de confiança, que cuidava, orientava, medicava. A partir da década de 1950, a industrialização do medicamento afastou o farmacêutico dos pacientes. No entanto, nos últimos anos, vem ocorrendo a retomada desse laço, principalmente pela população idosa e usuária de medicamentos contínuos. Mas, para Alba Cruz, farmacêutica bioquímica, especialista, entre outras áreas, em Farmácia Clínica com Prescrição e Atenção Farmacêutica, grande parte da sociedade ainda não enxerga o farmacêutico como profissional de saúde, e isso precisa mudar.

#4 Enfrentar grande carga burocrática

Parte do dia de um farmacêutico numa farmácia é dedicada a preencher documentos e lançar informações em sistemas acompanhados pelos órgãos regulatórios, a exemplo do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC). Além disso, precisa aferir temperatura e umidade diariamente, manter estoques de medicamentos atualizados, treinar e atualizar os colaboradores, entre outras atividades. Conciliá-las com os serviços farmacêuticos, para muitos, é um desafio que assusta e desestimula o avanço da atenção clínica.

#5 Controlar os processos de distribuição de medicamentos

Nos hospitais, outro grande desafio é ter controle sobre todo o fluxo do processo de distribuição, garantindo que os pacientes recebam os medicamentos dos quais necessitam, nos horários que são preconizados pelos médicos, bem como fazer o recolhimento do que não foi utilizado, por alta do paciente ou falta de acesso. “Essa parte da logística, tanto do processo de distribuição quanto do recolhimento, é um grande desafio. A perda do controle do estoque leva a uma série de consequências, principalmente financeiras, para o hospital”, destaca Salomão Kawage.

#6 Lidar com gerentes de drogarias que não compreendem bem a legislação

É cada vez mais comum que farmacêuticos sejam também gerentes em farmácias e drogarias. Mas, quando não é dessa forma, eles têm o desafio de levar ao conhecimento da equipe essas regras e conquistar o engajamento dela. As normas que regem o setor são muito complexas. Por isso, é necessário envolver todos.

#7 Desafiar a legislação já obsoleta para uma urgente revisão

Segundo Alba Cruz, é preciso fazer com que realmente as alterações pautadas para a RDC 44/2009, baseadas na Consulta Pública 911/2020, sejam incorporadas o mais breve possível à nova resolução, visando ao aumento da contribuição do profissional para toda a sociedade. “Nossa legislação está defasada mediante tudo que se faz em farmácia clínica na atualidade. Temos as RDCs 585 e 596, que nos dá direito de prestar a assistência farmacêutica com serviços em saúde, mas a RDC 44 não permite alguns serviços. Então ficamos travados. Essa legislação já está em revisão, mas precisa ser acelerada”, pontua Alba.

A todos os farmacêuticos brasileiros, nossos parabéns pelo dia de hoje!

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